A Última Gargalhada promove a reunião de dois veteranos. Chevy Chase e Richard Dreyfuss estão fora da mídia há muitos anos (assista aqui).
Certamente, o auge de suas carreiras já passou. Chase sempre foi reconhecido pelas comédias e, nos anos 80, teve o máximo de reconhecimento da indústria pelo seu talento. Dreyfuss é um ator consagrado, vencedor do Oscar de Melhor Ator por “A Garota do Adeus”, de 1977, e que não faz um filme relevante desde, pelo menos, a metade dos anos 90.
Esta é uma história sobre frustrações, decepções com a vida e recomeços. Principalmente recomeços: o filme nos diz que nunca é tarde para dar um novo rumo para a vida.
A Última Gargalhada conta a história de Al Hart, interpretado por Chevy Chase. Ele é um empresário de sucesso que, já idoso, vai para uma casa de repouso. Lá, ele se encontra com Buddy Green (papel de Richard Dreyfuss). Green tem um talento nato para a comédia, mas desistiu da carreira para se tornar podólogo, que em sua opinião é uma profissão mais estável.
É fato que um filme desses não teria tanta força se não houvessem dois atores de calibre para interpretar os papéis principais. Chase e Dreyfuss formam a escolha perfeita. Os dois “casam” muito bem e são atores reconhecidos e premiados. Nas mãos de profissionais menos talentosos, o filme facilmente seria apenas uma dramédia esquecível. Especialmente Dreyfuss, que se entrega ao papel de Buddy Green e tem aqui um dos melhores trabalhos nos últimos 20 anos, no mínimo.
O engraçado é que, no filme A Última Gargalhada, os atores interpretam personagens que são antagônicos com suas personalidades reais. Chase sempre foi conhecido pelo humor físico, caretas e piadas rápidas, e aqui ele faz o papel de um homem mais comedido, apesar de ser engraçado. Dreyfuss, apesar de fazer comédia eventualmente em sua carreira, é mais famoso pelos papéis sérios, como os que teve em “Tubarão” ou “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, ambos de Steven Spielberg. Aqui, ele é o centro da comédia: espirituoso, piadista, cativante.
É emocionante acompanhar as apresentações de stand-up que Buddy faz: ele é muito engraçado, e perceber que ele escondeu isso durante a vida toda nos desperta o sentimento de que nós estamos também fazendo a mesma coisa, de alguma forma.
O longa não perde muito tempo com outros personagens. O foco está quase completamente na dupla que pega a estrada para se apresentar nos clubes de stand-up. Entretanto, Andie MacDowell (que também estourou no cinema há pelo menos 30 anos e esteve bastante sumida das telas) faz uma participação quase afetiva. O filme, como se vê, resgata velhos talentos e os apresenta para as novas gerações.
Tendo uma história intimista e muito divertida, o original Netflix A Última Gargalhada nos faz rir e chorar com intensidade. É um filme muito bonito, sem dúvida, que peca somente no prolongamento de determinadas cenas que cortam o clima da narrativa.
No final das contas, o trabalho do diretor Greg Pritikin é louvável, tanto por suas qualidades técnicas (o filme é bem dirigido e com um roteiro equilibrado) quanto por nos dar a oportunidade de ver, mais uma vez, tantos talentos antes esquecidos em ação.
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Sinopse 1: Décadas antes, eles tiveram a chance de fazer sucesso. Agora, tentam provar que nunca é tarde para perseguir o sonho.
Sinopse 2: Depois de se mudar para uma casa de repouso, Al, um inquieto empresário do showbiz, retoma o contato com o cliente Buddy e o convence a voltar ao circuito de comédia.
Ano de lançamento: 2019;