O filme Netflix Aurora: O Resgate das Almas conta a história de duas irmãs que vivem (e trabalham) numa pousada beira-mar. Quando o Navio Aurora naufraga próximo à costa e fica preso às rochas elas perdem seus hóspedes, e começam a ter problemas financeiros (assista aqui).
Dessa premissa poderia-se partir uma narrativa cheia de drama familiar. Porém Aurora: O Resgate das Almas tomou outro rumo. O longa tem um clima sombrio quase o tempo todo, e essa construção do suspense é muito bem feita para um terror leve.
Apesar disso, as coisas demoram para acontecer de verdade. E mesmo quando acontecem, fica meio suspensa a pergunta: será que aconteceu mesmo? Mas afinal… o que aconteceu?
Indice
Aurora: O Resgate das Almas está categorizado na Netflix como um thriller de terror, porém o clima aqui é mais de suspense e drama, pois não há muitos sustos nem cenas aterrorizantes. No máximo, alguns “mortos-vivos” (que estão tão na moda que não assustam mais) com olhos esbranquiçados e cenas de um naufrágio cheio de tristeza e desespero.
Acontece que estes “mortos-vivos” estão numa situação tão deplorável que, em vez de os temermos, temos pena. Falando assim, alguém poderia pensar que é um defeito do filme, mas na verdade é a intenção principal: mostrar que esses náufragos são vítimas de um sistema corrupto de uma empresa que prioriza o lucro acima do bem-estar dos passageiros.
O navio Aurora sofreu por superlotação. O motivo disso foi a ganância da empresa responsável e também do capitão. Vemos outros dois exemplos de ganância no filme Netflix Aurora: O Resgate das Almas. Um deles é o pai do homem com gigantismo (uma mutação genética que o deixa anormalmente alto), que cobrava para que as pessoas olhassem para seu filho morto. Este gigante era o passageiro-chave da desgraça de Aurora. O segundo exemplo de ganância são as pessoas que se colocaram a procurar corpos na expectativa de receber uns trocados (mas estes não estavam explorando a fraqueza de ninguém, então dá para considerar que estão “perdoados”).
Buscar uma explicação muito lógica para o filme Netflix Aurora: O Resgate das Almas vai acabar nos colocando numa névoa cegante. Afinal, a incerteza e os questionamentos sobre o que realmente aconteceu no navio Aurora eram uma das intenções dos criadores do filme. Para encontrar uma resposta, precisamos abrir nossas mentes para o sobrenatural e para o raciocínio ilógico e fantástico..
Durante uma tempestade, o capitão do navio foi meio que “possuído” pelas vontades do gigante morto. Como vimos pelos relatos do sobrevivente Phillip, algumas pessoas (e ele mesmo) começaram a avistar o tal morto com gigantismo perambulando por aí. Boatos ocorreram de que os problemas no navio (quedas de energia e temperatura) eram causados por ele, pois o espírito do homem não queria voltar para casa, já que ele era vítima de abuso do próprio pai, que explorava sua doença para humilhá-lo e ganhar dinheiro.
O próprio Phillip disse ter visto o tal gigante (cujo nome era Benjamin David) junto ao capitão segundos antes da colisão – e consequente naufrágio – do navio Aurora. Isso nos leva a pensar que o gigante incentivou o capitão a cometer suicídio (e homicídio, já que a vida dos tripulantes dependia dele). Como a intenção do gigante era evitar sua volta para casa, este acidente lhe era conveniente (e, como já estava morto, não tinha problema para ele).
As cenas da água pegando fogo são os últimos momentos de vida dos passageiros. Com o acidente, combustível vazou para o mar fazendo com que tudo se inflamasse. Muitas das pessoas morreram afogadas, outras queimadas. O massacre foi terrível, já que havia muitos tripulantes ilegais no navio, e estavam todos no compartimento de carga, secretamente fechados num lugar que não poderia ser revelado a ninguém (pois isso denunciaria a ilegalidade da empresa de transportes).
A guarda costeira pediu para que ninguém se aproximasse do navio porque sabiam dessa ilegalidade, e sabiam que teriam problemas se isso fosse a público, já que eram coniventes com um crime.
Como eu disse mais acima, buscar por uma explicação lógica no filme Netflix Aurora: O Resgate das Almas não irá nos levar a lugar algum. Por isso, temos que aceitar o sobrenatural.
Leana e Rita, protagonistas deste thriller, tiveram o que podemos chamar de uma experiência espiritual (ou astral, como queira chamar). No momento da tempestade, ao final do filme, as cenas se intercalavam entre o presente, onde vários mortos se espalhavam pelo chão encharcado da pousada, e cenas do passado, com as duas irmãs tentando sobreviver no navio Aurora como se fossem passageiras presas no compartimento de cargas.
Essa vivência traumatizante foi bem real (ao menos para elas). É como se as memórias dos mortos que chegavam à pousada estivessem mostrando a Leana e Rita o que de fato aconteceu, a injustiça que eles sofreram por não terem o mesmo tratamento dos passageiros legais, já que a existência deles denunciava uma ação gananciosa da empresa.
Muitas perguntas rondam nossas cabeças ao chegar ao final do longa. Algumas delas são: como o navio sumiu dali? E também, como os mortos chegaram até a pousada? Foram levados pela maré até a praia, e tudo aquilo de “zumbis” era apenas imaginação de Leana e Rita? Ou eles de fato se levantaram sobre os próprios pés e caminharam até a praia?
A resposta para essa última pergunta pode variar para cada pessoa, porém o filme Aurora: O Resgate das Almas deu algumas pistas, mostrando momentos em que esses mortos-vivos eram avistados por moradores da orla, que ficavam aterrorizados. Ou seja: os mortos realmente se levantaram como um último esforço em se verem longe do mar e finalmente descansarem em paz. É um conceito bem diferente de zumbis, já que nenhum era agressivo. Tudo o que eles queriam era segurança e distância daquela lata de sardinha (o navio Aurora) que foi responsável por retirar suas vidas.
Sobre o sumiço do navio, ele pode ter finalmente submergido, devido à tempestade que o moveu para longe das pedras (algo assim foi citado na narrativa), ou ele pode ter desaparecido misteriosamente, já que a lógica da história contada em Aurora: O Resgate das Almas permite essa interpretação.
A cena mais dolorosa, em minha opinião, foi quando os moradores chegaram à pousada de Leana e ouviram a verdade (sobre os passageiros ignorados), seguido da cena em que viram os mortos espalhados e choraram por eles. Sentir a perda de um ente querido (já que muitas das vítimas eram moradores dali) é uma dor que muitos consideram como a pior de todas.
E, finalmente, quando Leana vê o gigante de 2,13m na praia, ela ordena que ele volte para casa. De todos os mortos ali, o gigante era o único que ainda tinha algo pendente, por isso ainda estava no “modo zumbi” (por falta de palavra melhor). Então ele deu meia-volta e caminhou em direção ao mar.
Para onde ele foi, já que no meio do filme Aurora: O Resgate das Almas ouvimos ele dizendo que não queria voltar para casa? Será que ele mudou de ideia? Será que ele vai, em algum momento, retornar para a pousada de Leana?
Não há como saber. Este sentimento de angústia por falta de respostas é uma das características de filmes como Aurora: O Resgate das Almas. Essa chuva de perguntas é uma das responsáveis pela longevidade do filme, incentivando as pessoas a falarem sobre ele (como eu fiz com este artigo) ou a pesquisarem a respeito (como você, ao ler o que escrevi).
No fim, considero que Aurora: O Resgate das Almas foi um filme que atingiu seus objetivos. Causou o impacto necessário e nos deu uma hora e meia de um bom entretenimento e tensão.
Veja as atrizes e atores que compuseram o principal elenco do filme Aurora: O Resgate das Almas:
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Direção e roteiro: Yam Laranas e Gin De Mesa.
Sinopse Netflix: Quando um naufrágio ocorre perto da sua ilha, a dona de uma pousada e sua irmã procuram os corpos das vítimas – até que os próprios mortos começam a buscar refúgio.
Duração: 1h 38min;
País de Origem: Filipinas
Classificação etária: 16 anos;
Ano de lançamento: 2018;
Gênero: Thriller de terror, Suspense, Drama;
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O filme é bem fraco, de tudo que foi "tentado" pelo diretor falhou miseravelmente enfim, numa sexta a noite até passa. nota 2
O filme em si é fraco. Mais como já foi dito a fotografia está muito boa.