Longas e Curta-metragens

Conquistando no início da narrativa: os primeiros 10%

Todos os escritores e roteiristas que se prezam estão familiarizados com a prática dos “primeiros 10%”, ou mesmo “as primeiras 10 páginas”. Tanto para filmes e séries quanto para livros e mangás.

Porém, não se trata de uma regra. Está mais para um senso comum de que a primeira impressão é a que fica. E isso você mesmo pode dizer como consumidor de entretenimento: você continuaria assistindo ou lendo algo além desses 10% (ou 20%, para os mais persistentes) mesmo tendo notado que aquilo absolutamente não lhe agrada?

Acho difícil.

Por esse motivo, existe um vasto material Internet afora ensinando como capturar o público logo no início de uma história (seja filme, série ou livro – ou até games). E, muito mais do que somente as primeiras linhas da primeira página, são os primeiros momentos que precisam ter o apelo correto para convencer o público de que vale a pena conhecer aquela história.

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É aquela expectativa que nasce logo no início, quando o protagonista sai de seu mundo comum, e parte para o desconhecido, em sua jornada do herói. É nessa passagem do limiar (do “status quo” para a nova situação) que reside a promessa de que valerá (ou não) a pena investir seu tempo (e dinheiro) naquilo.

Só para se ter um exemplo, a Amazon acredita tanto nisso que disponibiliza gratuitamente a leitura de 10% em todos os livros digitais que são vendidos lá. Se um leitor pegar essa amostra grátis e este início der uma primeira impressão ruim, nem irá comprar.

 

O primeiro episódio ou primeiro capítulo

No início das histórias que assistimos (e dos games que jogamos) é esperado que venhamos a conhecer o(s) protagonista(s). Nem sempre eles são os primeiros a aparecer em cena. Porém, se neste derradeiro início não ficar claro para o público de quem se trata a narrativa (ou qual é o problema a ser enfrentado), dificilmente essa história angariará muitos fãs.

É neste início que uma série, filme ou livro mostram “a que vieram”. Do que vai se tratar, quais os desejos dos protagonistas e como eles vão enfrentar os desafios para alcançá-los.

 

A mente do público está transbordando

Um escritor ou roteirista que esteja introduzindo uma nova narrativa precisa se atentar à era em que estamos vivendo. É claro que existem histórias maravilhosas que não têm um início arrebatador. Narrativas imperdíveis, daquelas que nos fazem ficar de ressaca durante semanas (de tão maravilhosas), cujos inícios são absolutamente sem sal.

Mas trabalhar assim, contando que as pessoas vão ter paciência de ultrapassar um início lento e sem atrativos, é arriscado.

Hoje em dia o acesso do público ao entretenimento está fácil. Não é mais necessário pagar caro por centenas de canais para ver filmes, séries, animações e documentários. Basta ter uma Internet, e pronto: conteúdo gratuito, e ao gosto do público, a qualquer hora.

Ou seja: pessoas mergulhando em mais possibilidades de entretenimento do que são capazes de aguentar. Mais informação do que suas mentes podem absorver.

Por este motivo é tão importante um escritor e roteirista se atentar aos “primeiros 10%”: uma pessoa comum não dá mais do que isso de chance a algo novo. Se o primeiro episódio é ruim, passa pra outro… Se as primeiras páginas não cativaram, deixa pra lá.

E assim vivemos, nessa era da informação: mentes elétricas (e ecléticas) procurando desesperadamente por qualquer coisa que as distraia. Que as entretenha.

E com isso, os criadores de conteúdo precisam já “chegar chegando”. Pé na porta, soco na cara.

Não dê tempo ao público para decidir se o conteúdo é bom. Dê a eles a certeza de que é imperdível!

 

 


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Lyan K. Levian

Lyan K. Levian é contista e romancista de histórias homoafetivas e homoeróticas, principalmente com foco no público que se denomina "fujoshi" e "fudanshi" (fãs de yaoi/boys love). Conheça os trabalhos de Lyan: www.lyanklevian.com

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