D.L. Hughley: Contrarian poderia ser um ótimo stand-up comedy, mas sofre de um problema grave: a falta de contemporaneidade (assista aqui).
Hughley é um excelente comediante e tem um timing cômico. O problema está nos assuntos que ele aborda em seu show. Com a velocidade da internet e a captura quase em tempo real do momento com plataformas como a Netflix, um show de comédia que fala de coisas que aconteceram no ano passado já começa datado.
Evidentemente, isso tira muito da graça que a performance poderia ter. D.L. Hughley consegue tirar algumas risadas; entretanto, no placar geral esse show parece um desperdício. Tanto do nosso tempo quanto do talento de um grande comediante.
Indice
A impressão que se tem ao assistir ao show D.L. Hughley: Contrarian é que o humorista bateu com a cabeça em algum lugar e dormiu durante alguns anos. A escolha dos temas certamente foi infeliz. Soa como se já tivéssemos visto essas piadas antes, e provavelmente vimos mesmo: em shows como Simpsons, Family Guy e certamente outros stand-ups.
Pois, da mesma forma que deixamos de assistir a esse tipo de shows depois de um tempo do lançamento (por estarem sempre muito relacionados ao tempo em que foram feitos), com D.L. Hughley: Contrarian a coisa já começa defasada desde a estréia. Um exemplo simples: Prince morreu em 21 de abril de 2016, portanto, há pouco mais de dois anos. Ainda assim D.L. Hughley o usa como tema de um de seus textos. É uma pena.
Por fim, é interessante abordar o estilo de comédia que D.L. Hughley demonstra nesse seu novo show disponível na Netflix.
O comediante, que tem uma carreira de muito tempo nos Estados Unidos, nunca ligou muito para o politicamente correto. Suas piadas podem ser acusadas de machistas, homofóbicas e misóginas. Ele, e certamente a plateia que o segue, não se importam muito com esses assuntos que hoje estão bastante em voga.
O problema é que o público mudou.
É provável que o show D.L. Hughley: Contrarian faça algum sucesso no Brasil, onde esse estilo de humor ainda impera nos Danilo Gentilis da vida. Porém, é certo que isso está com os dias contados. A arte de fazer rir se transforma com o tempo, e atualmente o humor possui limites bem estabelecidos. E é bom que seja assim, pois a ideia de que não se pode ter limite para fazer graça (como muitos integrantes do extinto “Pânico na TV” pregavam) é ultrapassada. Essas minorias agora têm voz. E mexer com elas pode render uma dor de cabeça enorme.
Assim, o show de D.L. Hughley pode agradar muitas pessoas que dão risada quando o humorista faz piada com autismo, por exemplo, mesmo sendo este um assunto sério.
A maioria vai achar ofensiva e nem um pouco engraçada, e com razão. O comediante acerta quando resolve fazer piada de si mesmo, e esse é a base do humor genuinamente engraçado. Pena que isso seja tão raro em seus esquetes que nem valha mesmo a pena perder tempo com eles.
Para quem gosta de comédias stand-up, também recomendamos a leitura dos artigos Daniel Sloss Live Shows, Ricky Gervais – Humanidade, The Comedy Lineup, Iliza Elder Millennial, Bert Kreischer: Secret Time, Yoo Byung-Jae: Discomfort Zone, Demetri Martin: The Overthinker, e até o intrigante Mágica Para a Humanidade.
Sinopse 1: Uma visão maliciosa sobre mudanças nos tempos atuais, tempestades políticas e como é crescer sendo negro nos EUA.
Sinopse 2: D.L. Hughley aborda questões políticas polêmicas, escândalos de celebridades, o exigente amor de sua mãe e muito mais nesta a presentação de stand-up na Filadélfia-EUA.
Idioma: inglês (com legendas em português);
Duração: 58min;
Classificação etária: 16 anos;
Ano de lançamento: 2018;