A primeira sentença narrada em Good Girls, a nova série Netflix, já nos ambienta um pouco sobre o que vai ser falado. Estamos em uma nova era, em que uma filosofia de igualdade tenta se instalar na cabeça da sociedade:
“Mulheres hoje podem ser de tudo: diretoras de empresas, medalhistas de ouro olímpicas, até juízas do supremo tribunal. Mas finalmente quebramos o teto de vidro, e uau! É bom olhar de lá de cima!”
Mas será que nós mulheres já alcançamos o patamar de sermos respeitadas da mesma forma que um homem?
Indice
Este primeiro episódio da Netflix já começa nos apresentando às três protagonistas da série de um modo a compreendermos que tipo de mulher cada uma é, e quais são seus problemas corriqueiros.
Elas precisam levar a vida dia após dia, e as complicações que as abraçam tem todas a ver com a falta de dinheiro, por isso inventam de assaltar um mercadinho. A princípio pensei que a única com causas nobres para querer uma quantidade grande de dinheiro fosse Ruby, já que a vida da filha doente está em risco. Mas depois as motivações das irmãs foi devidamente apresentada, e é aí que passamos a compreender a cena que vimos logo no início.
O maior problema é que essa busca pela liberdade e igualdade acaba gerando em todos uma certa cobrança sobre como se deve agir. A forma correta de ser, a maneira que todos aceitariam…
Um exemplo é Beth, a mãe e esposa perfeita. Não bastou fazer tudo corretamente… Não bastou apenas gerenciar casa e filhos sem questionar nada. Mesmo assim, ainda foi traída e mantida no escuro sobre os problemas financeiros que ameaçavam a casa.
Isso, é claro, até descobrir tudo…
Outro exemplo é Annie, sendo mãe solteira e não tendo o emprego dos sonhos, que acaba sendo cobrada pelo ex (pai de sua filha, Sadie) por não dar a educação e tratamento adequados à filha. E a terceira mulher, Ruby, precisa chegar ao ponto de gritar para conseguir sair de sua invisibilidade num determinado momento.
O fato é que seres humanos são assim: pregam rótulos uns nos outros e acham que as pessoas devem agir de acordo.
E o que isso tem a ver com todo o resto? A questão é que um roteirista não coloca nada de graça nas cenas, num cenário, ou em um diálogo. Tudo ali é pensado para construir a situação e ambientar um tema ou um personagem, e aquela garota provavelmente terá seu papel nessa questão toda. Nem que seja uma pequena ilustração notada somente por alguns (usei pronomes femininos porque na série ela também é tratada assim, e não chega a reclamar).
Elas são, de fato, boas mulheres. Mas todas arriscaram uma ação criminosa que partiu de um desespero inicial, e todas por causa de suas famílias que estavam em perigo (e agora estão num perigo ainda maior).
Acontece que roubar meio milhão de dólares numa loja não é como pegar um pirulito e sair correndo. É claro que aquilo iria melar, e evidentemente um ato desses geraria outros maiores.
Para cobrir uma besteira, fazem outra. E assim, a bola de neve começa a girar…
O primeiro episódio acaba exatamente quando essa bola começa a despencar o penhasco. Eu ainda não vi o restante, mas certamente durante esta queda os problemas vão se acumular, e sair da bagunça toda sem sofrer arranhões se tornará absolutamente impossível.
Good Girls é sem dúvidas uma série original Netflix digna de nossa atenção.
Sinopse 1: De dia, elas criam filhos adoráveis. À noite, planejam crimes. Quem disse que mulheres não dão conta de tudo?
Sinopse 2: Três pacatas donas de casa bolam um roubo ao supermercado local para sair do buraco e conquistar a independência.
Quantos episódios assisti: somente o primeiro (piloto);
Total de episódios (na data deste post): 1 temporada com 10 episódios de aproximadamente 43 minutos cada.
Classificação etária: 14 anos.
Ano de lançamento: 2018
Gênero: Humor, Drama;
E você? Quais questões conseguiu enxergar nessa nova série Netflix? Viu a si mesma(o) em algum personagem? Crê que existem questões ainda em aberto?