O filme High Flying Bird marca a primeira colaboração cinematográfica entre a Netflix e Steven Soderbergh. O cultuado diretor, que fez carreira no cinema independente nos anos 90 e venceu o Oscar de Direção em 2002 por “Traffic”, é provavelmente o profissional que mais combina com o estilo da empresa de streaming de fazer filmes: experimentando, procurando formas de inovar a narrativa sem deixar de lado o entretenimento do público que, afinal, “paga o ingresso” (assista aqui).
Aqui, ele resolve criar uma história complexa, com vários personagens, filmando apenas com um Iphone 7 e em menos de duas semanas. O resultado é glorioso tecnicamente, mas no que diz respeito a sua história, deixa um pouco a desejar.
Vamos explicar o motivo a seguir.
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Isso causa prejuízos enormes para todos os envolvidos, coisa de bilhões de dólares. Burke, então, tem uma ideia que ele julga ser genial para devolver o controle do esporte para as mãos dos esportistas, que durante o tempo se deixaram levar pelas maquinações dos grandes clubes e empresários. Entretanto, ele tem apenas 72 horas para executar seu plano.
Por outro lado, Soderbergh faz milagre com seu Iphone 7. A direção e a fotografia de High Flying Bird são simplesmente impecáveis. Se não houvesse a divulgação de que foi feito com um celular, ninguém desconfiaria disso. Não que fazer um filme inteiro usando o smartphone seja novidade: Sean Baker dirigiu “Tangerine” em 2015 com os mesmos recursos, alcançando um ótimo resultado. No entanto, nas mãos de um sujeito mais talentoso, essa forma de contar uma história ganha uma outra estatura. Steven Soderbergh sempre foi conhecido por defender novas formas de contar histórias; aqui, ele eleva o filme experimental para um novo patamar.
Dito tudo isso, podemos considerar High Flying Bird um filme de técnica impecável, com a equipe afiadíssima por trás da câmera (direção, fotografia, edição, direção de arte etc), mas que escorrega no seu roteiro labiríntico, onde fica fácil se perder caso não preste atenção em algum frame do longa. Isso pode estragar a experiência para quem assiste pela Netflix, visto que é fácil se distrair.
Ainda assim, equilibrando-se entre o ótimo e o mediano, High Flying Bird vale a pena ser visto. Não só por suas invencionices narrativas, mas porque tem ótimos atores em uma história que, depois que desvencilha da embromação, se torna concisa e coerente: a partir disso, injeta adrenalina, engata uma segunda marca e nos leva a um final impressionante e com uma mensagem que, no mínimo, impacta.
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Sinopse: Quando uma paralisação da NBA deixa seu promissor jogador em apuros, o agente esportivo Ray Burke bola um plano ousado para salvar sua carreira — e desafiar o sistema.
Duração: 1h 30min;
Classificação etária: 14 anos;
Ano de lançamento: 2019;