Jéssica Jones – Uma Heroína Nada Convencional

Que os Super Heróis são o negócio milionário da vez, todo mundo já percebeu. Inclusive a Netflix, que fechou parceria com a Marvel para criar a série Jessica Jones (e Demolidor também). Apesar de não ser uma das heroínas mais famosas e conhecidas, a escolha da Netflix foi muito inteligente, pois a série tem feito muito sucesso.

E eu explico o motivo dessa minha opinião. A grande tendência do momento (na verdade, das últimas décadas, segundo algumas teorias literárias) é pelos personagens não convencionais. Não vou explicar muito sobre a teoria, senão o texto fica chato, mas usarei como exemplo a série Once Upon a Time, que tem feito muito sucesso ao explorar as personagens dos contos de fada de uma maneira “nova”, de mostrá-las como personagens complexas, que tem seus problemas, medos, paixões etc.

É preciso refletir também que por muito tempo as artes, em geral, mostravam as mulheres de uma maneira que nem sempre (ou quase nunca) nos sentíamos representadas, como o exemplo da princesa que espera ser salva pelo príncipe.

Pensando em tudo isso é que eu digo que a Netflix foi muito esperta em optar pela Jessica Jones. Porque ela, sem dúvidas, é uma personagem nada convencional. A começar pelo fato de que ela usa seus super poderes para trabalhar como detetive particular e cobra para ajudar as pessoas! Coisa que seria impensável no caso dos heróis mais tradicionais.

Jessica é uma mulher do seu tempo, aliás, do nosso tempo, provavelmente muito parecida com uma amiga sua (tirando os super-poderes, é claro!). Está numa fase da vida complicada, lidando com problemas financeiros (como a maioria das pessoas nessa idade) e com uma série de outros problemas pessoais, como a morte dos pais e a paixão pela última pessoa no mundo por quem ela poderia se apaixonar.

A série também foge dos clichês e estereótipos por outros motivos, Jessica não é nem personagem fatal (como a Mulher-Gato, por exemplo) e, obviamente, muito menos a mocinha que não sabe se defender sozinha. Também não é uma personagem que amamos à primeira vista, mas acredito que a ideia seja exatamente essa: construir uma personagem mais próxima da realidade. Na verdade, a personagem é bastante chata, anti-social e problemática.

O clima de suspense psicológico dá o tom sombrio da trama, que se passa depois de Jessica ter tido um relacionamento doentio com Killgrave, que tem o poder de controlar a mente das pessoas ao seu redor. O ex-namorado de Jessica e vilão da trama é extremamente obcecado por ela e fará o que for preciso para atingí-la. Essa relação faz com que Jessica sinta que não pode confiar e nem se apegar a ninguém, tanto por saber que qualquer pessoa possa estar sendo controlada por Killgrave, quanto por saber que ele pode usar essa pessoa para atingi-la emocionalmente.

Além disso, vale mencionar que a série tem pegada mais adulta do que os filmes mais famosos da Marvel e mostra uma personagem que, se por um lado não pode se apegar a ninguém, acaba se apegando, e muito, ao álcool. Além disso, a série Jéssica Jones também mostra algumas cenas de sexo e muitas cenas de violência física e psicológica, o que faz com que o público-alvo não seja o de costume.

Talvez por não ser uma heroína convencional é que Jessica acabou caindo no gosto das pessoas e por isso os fãs estão tão ávidos por mais temporadas (até o momento deste post, está em vista uma 3ª) e também pelas próximas séries de heróis da Netflix.

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Jerry

Administrador do blog Interprete-me, Jerry D. Blodgett tem paixão pela literatura subjetiva e os estudos da filosofia e psicologia. Sempre que possível, faz pontes entre a reflexão interior e o entretenimento.

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