Quando vi pela primeira vez o trailer de Kiss Me First, da Netflix (veja o link do livro em inglês clicando aqui), imaginei que a série iria lembrar, de alguma forma, o que vimos em Jogador Número 1. Mas as semelhanças, que começam na forma como os jogadores sentem e vivem o mundo virtual, termina aí.
O ambiente que experimentamos em Kiss Me First lembra um pouco a densidade de Black Mirror: personagens problemáticos interagindo com a tecnologia como um tipo de fuga, ou sendo controlados por ela em algum nível.
Fascinante? Tenha certeza disso.
Este primeiro episódio de Kiss Me First tem como intuito nos mostrar o mundo Azana (nome do jogo onde os personagens passam o tempo) e começar a mostrar “a que veio” esta série: nada de lutas cheias de efeito (embora seja mostrada uma rapidamente), e nada de monstros e níveis de experiência. Aqui, a intenção é contar a história destes personagens, e de que forma suas dores do mundo real se conectam com o virtual.
Entenda a importância dos primeiros minutos de um filme ou série.
Indice
Bem cedo conhecemos Adrian, um rapaz que tem fala mansa e bem articulada, mas com algo de muito estranho: habilidades além do comum no jogo, podendo hackear avatares e criar áreas secretas. E tem mais: seu perfil não é rastreável.
Adrian parece perceber isso. Nota-se pela forma de falar que ele sabe que aquilo está acontecendo, no mundo real, e não demonstra culpa nem nada semelhante. Sua frieza chega a ser enervante.
Em um dos momentos, inclusive, Adrian se parece muito com um daqueles bonecos demoníacos de filmes de terror. Não sei se isso foi proposital, mas com certeza ajuda a criar o clima tenso e misterioso em volta dele.
A pergunta que me ronda é: como os outros não percebem que estão sendo manipulados? Talvez tenham sido conquistados aos poucos, e por isso tenham se tornado tão cegos…
As atitudes e falas dele são, de fato, suspeitas.
No momento em que foi mostrada a webcam de Leila capturando a imagem dela, e do quadro ao lado de sua mesa, novamente fiz a associação de Kiss Me First com a outra série Netflix, Black Mirror.
Provavelmente Adrian, o hacker, a encontrou e sabe muito bem que Shadowfax é Leila.
Quando Leila conhece acidentalmente (ou nem tão acidentalmente assim) a área secreta de Azana, criada por Adrian, somos apresentados ao local chamado de “Pílula Vermelha” (uma referência direta e proposital à Matrix), onde pessoas se reúnem para passar o tempo juntas.
Até aí, tudo ok… Mas alguns estranhos avisos de um dos personagens, Calumny, nos faz pensar. Acontece que este lugar é como uma espécie de entorpecente, algo que lhe permite uma fuga da vida e dos problemas.
O próprio personagem que disse isso aparenta ser um dos casos mais graves, pois ele demonstra gostar de usar o colar sensorial para ter aventuras dolorosas (provavelmente para distraí-lo das dores emocionais causadas pelas atitudes de um pai violento). Então, colisões, explosões, e coisas relacionadas à dor parecem chamar a atenção do rapaz (talvez por isso ele tenha, dentro do jogo, as roupas rasgadas).
Aparentemente todos os outros daquele grupo também estão usando a área secreta de Azana para fugir da realidade. Mas aquela “segunda vida” é uma mentira controlada por Adrian…
Depois de conhecer aquilo tudo, Leila começa a pesquisar sobre aqueles avatares (as pessoas que encontrou na área secreta, Pílula Vermelha), porque notou que havia algo de errado.
O problema é que ninguém acredita nela. Adrian é persuasivo demais. Dá presentes (virtuais) e fala exatamente o que cada um precisa ouvir para que suas coleiras se apertem ainda mais.
Ao mesmo tempo, a vida pessoal da protagonista nos é mostrada, e começamos a sentir que ela também tem algo a esconder, tal qual todos os outros membros da tal “Pílula Vermelha”… Mesmo porquê, o nome do primeiro episódio é “Alguma coisa ela fez“.
Inicialmente, Kiss Me First foi televisionado pelo Channel 4 (um serviço britânico de TV aberta), mas a Netflix estava esperta, e comprou os direitos para que seus assinantes pudessem desfrutar dessa história baseada no livro homônimo da autora Lottie Moggach através de seus 6 episódios.
Você também pode se interessar por Black Mirror: Bandersnatch.
Sinopse 1: Solitária em uma vida, guerreira na outra. Agora, um jogo insólito está prestes a colidir os dois mundos dessa garota.
Sinopse 2: Ela era solitária e viciada em realidade virtual. Até encontrar uma amiga festeira e descobrir um mundo de novas emoções e segredos sombrios.
Classificação etária: 16 anos.
Ano de lançamento: 2018
Gênero: Drama
Uma série de: Bryan Elsley
Livro homônimo de: Lottie Moggach (até o momento deste post, o livro não foi traduzido)
E você, já deu uma chance para este novo original Netflix? Fique de olho em nosso blog através de nossa Fanpage, pois em breve lançaremos um post com algumas teorias sobre a série Kiss Me First.
(Abaixo uma opção em video com transcrição dos textos deste post:)