Happy as Lazzaro (ou Lazzaro Felice, no original) é praticamente uma fábula italiana que usa personagens bíblicos para passar uma mensagem atualíssima e muito importante para a nossa sociedade (assista aqui).
Nem sempre o cinema é só diversão e entretenimento: ele também é uma forma de passar ideais, além de denunciar situações do cotidiano que, muitas vezes, nem percebemos que está acontecendo. Por isso, Happy as Lazzaro é um filme que tem alma.
A adaptação bíblica é livre, ou seja, não espere encontrar aqui uma representação religiosa de Lazzaro. Longe disso. Usa-se apenas a ideia – e algumas situações – como ponto de partida para provocar o pensamento no espectador. É um longa lapidado com cuidado, com atuações acima da média e que traz uma profunda reflexão – quando não as lágrimas.
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Lazzaro quase não tem expressões faciais, e sempre parece estar alheio ao que acontece à sua volta. Entretanto, por dentro ele está prestando atenção em tudo, e mesmo com várias coisas ruins acontecendo em sua vida, ele ainda consegue sorrir e ser otimista, mesmo depois de uma tragédia que acaba mudando sua história para sempre.
Como se percebe, no filme Happy as Lazzaro há uma história muito mais alegórica do que literal. O personagem principal, Lazzaro, é interpretado na medida por um estreante chamado Adriano Tardiolo. Economizando nas expressões faciais, ele entrega uma performance mais corporal, entregando-se inteiro para convencer como um sujeito que pode ser confundido com estúpido, mas que guarda em si uma bondade que nenhuma pessoa consegue corromper.
É importante, porém, dar destaque para as atuações de duas grandes atrizes que aqui fazem papéis menores, mas sempre que aparecem roubam a cena: Nicoletta Braschi – conhecida como esposa de Roberto Benigni e que atuou ao lado dele no arrasa-quarteirão “A Vida é Bela”, no final da década de 90 – em um raro papel dramático, e que está bastante comovente. Já Alba Rohrwacher, irmã da diretora Alice Rorhwacher, está fantástica em um papel de bastante peso na trama; entretanto, revelá-lo aqui pode estragar a experiência de assistir a esse filme sensível e executado com maestria. E não queremos dar esse spoiler.
Premiado como o melhor roteiro no prestigiado Festival de Cannes, o filme Netflix Happy as Lazzaro é um conto sobre como a bondade ainda existe, mesmo que as pessoas a enxerguem como tolice ou ingenuidade. Lazzaro gosta de deixar as outras pessoas felizes, mesmo que isso não lhe traga qualquer benefício, a não ser ver um sorriso estampado no rosto delas.
Isso faz com que as pessoas explorem o garoto, e aí temos uma batalha velada entre a maldade humana contra a bondade pela alma de Lazzaro, e isso é muito bem representado aqui. É um filme de arte, construído com cuidado e que, ao fim, deixa a nossa alma leve. Um filme obrigatório, enfim.
Após prestigiar Happy as Lazzaro (Lazzaro Felice), talvez você se interesse por Rastros de um Sequestro, Nada a Esconder, Tribu Urbana Dance, Cam e Carga Bruta.
Sinopse 1: Sua inocência é como um sopro de magia numa realidade sombria, e sua lealdade transcende os limites do tempo.
Sinopse 2: Lazzaro era um jovem satisfeito com a vida simples do campo, mas a amizade inesperada com o filho de uma marquesa acaba mudando totalmente o rumo de sua história.
Ano de lançamento: 2018;