Mank é um filme Netflix dirigido por ninguém menos que David Fincher, considerado um dos melhores diretores de cinema da atualidade (assista aqui).
Responsável por obras como “Seven: Os Sete Crimes Capitais”, “Clube da Luta” e, mais recentemente, “Garota Exemplar”, Fincher resolveu trazer neste novo longa-metragem a história por trás de um dos maiores filmes já feitos: “Cidadão Kane”.
Para quem não sabe, o filme de 1941 foi dirigido, produzido, atuado e co-escrito por Orson Welles, que na época tinha apenas 25 anos e era considerado um grande gênio. De temperamento impulsivo e completamente perfeccionista – além de egocêntrico – Welles revolucionou a técnica cinematográfica em seu primeiro filme. Mas, para conseguir chegar a esse resultado, era preciso uma história densa e profunda. É aí que entra Herman J. Mankiewicz – e o início do enredo de “Mank”.
O filme começa com um acidente de carro que imobiliza Herman (Gary Oldman). Ele havia sido contratado por Welles para escrever um roteiro, para o qual não receberia créditos (já que o diretor novato queria assumir tudo sozinho). Alcoólatra, viciado em jogo e completamente falido, Herman aceitou os termos e começou a desenvolver o roteiro através de sua própria história com o milionário William Randolph Hearst (Charles Dance).
O longa-metragem de Fincher passeia pelas épocas e quebra a linha temporal, indo e voltando o tempo para remontar como o roteiro de “Cidadão Kane” ganhou vida através da mente genial de Mankiewicz. Dessa forma, nesses saltos no tempo, vamos até o começo da década de 30, quando ele era contratado da MGM, estúdio comandado por seu criador Louis B. Meyer (Arliss Howard). Acompanhamos suas relações com astros e estrelas, com o “star system” de Hollywood à época, e também os problemas políticos – que reverberam até os dias de hoje.
O roteiro do filme Netflix Mank foi escrito por Jack Fincher, pai já falecido do diretor, entre os anos 80 e final dos anos 90. Com isso, o filme ganha também ares de projeto pessoal de David Fincher, que se afastou da direção de filmes desde que terminou “Garota Exemplar”, em 2014. E, como sempre em seus filmes, o apuro técnico é de encher os olhos.
Mank usou técnicas e lentes do começo da Era de Ouro do cinema para dar maior veracidade à visão do diretor, e ele demonstra completo domínio do ofício. Visualmente, o longa-metragem “Mank” é um deleite.
É também impressionante acompanhar o trabalho dos atores. Gary Oldman, já premiado com um Oscar por seu papel em “O Destino de Uma Nação” (2017), ganha a grande chance de receber mais uma estatueta na edição do ano que vem com sua profunda interpretação de Mankiewicz, um homem genial preso aos seus vícios.
Também ganha destaque a atuação precisa de Amanda Seyfried, fazendo a atriz Marion Davies, que tinha um caso com o poderoso Hearst – feito no filme por Charles Dance, conhecido por “Game of Thrones”, que brilha no papel.
Usando em sua produção os mesmos truques que Welles usou em “Cidadão Kane”, como o inteligente uso da luz e da profundidade de campo, além de uma belíssima direção de atores, David Fincher consegue no original Netflix Mank produzir o seu melhor filme da carreira: ao falar sobre a criação de uma obra-prima focando em seu criador torto, o diretor também nos leva à Hollywood antiga, saudosa, que já se perdeu no tempo – e nunca mais vai retornar.
Lançamento Netflix: 2020;
Direção e roteiro: David Fincher, Jack Fincher;
Sinopse Netflix: A Hollywood da década de 1930 é vista pelo olhar crítico do roteirista Herman J. Mankiewicz, em meio aos seus esforços para terminar o roteiro de Cidadão Kane.
Duração: 2h12;
País de Origem: EUA;
Classificação etária: 14 anos;
Gênero: Drama biográfico.
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