Mogli Netflix Entre Dois Mundos chega para o catálogo da plataforma de streaming dois anos depois de a Disney ter feito seu live-action próprio usando a mesma história, que já havia sido adaptada por ela em animação em 1967 (assista na Netflix).
Esta é a versão sem spoilers da resenha. Caso já tenha assistido e queira ver a análise e músicas do filme, leia o artigo Mogli Entre Dois Mundos Netflix é o live-action Mais Denso do título. Aqui Lyan K. Levian falou um pouco mais sobre a densidade de Mogli e seus personagens.
Entretanto, essa versão é dirigida por ninguém menos que Andy Serkis, o mestre da captura de movimento e ator por trás de personagens icônicos da cultura cinematográfica como Gollum (O Senhor dos Anéis), King Kong (no filme de Peter Jackson), César (na nova versão do Planeta dos Macacos), entre outros em que ele conseguiu dar vida para animações em CGI.
Em parte ele faz jus a essas expectativas. O filme live-action Mogli Netflix Entre Dois Mundos não é um filme perfeito, mas tem qualidades inquestionáveis. Sem dúvida, pode ser considerada tematicamente melhor do que as produções da Disney, que infantilizam os personagens dessa brilhante história escrita por Rudyard Kipling em 1894 (Os livros da Selva, que foi relançado em versão ilustrada e comentada pela Editora Zahar).
Neste filme de Andy Serkis, o clima é mais sombrio, misterioso e sem canções para quebrar o clima pesado. É uma adaptação bastante fiel ao que foi imaginado por Rudyard Kipling há mais de cem anos. É pena que tenha defeitos que podem comprometer a imersão nessa aventura.
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Porém, a maioria das pessoas imagina o personagem com os tons leves, adaptado para o público infantil. O filme Mogli – Entre Dois Mundos trata de apagar esses resquícios e trazer um enredo tenso, pesado e que se transforma em uma aventura envolvente e fascinante. Andy Serkis acerta em cheio em sua adaptação, provocando sentimentos conflitantes no público: ora estamos com medo, depois sentimos compaixão, ficamos animados com as aventuras e, principalmente, sentimos a ameaça o tempo inteiro.
Para dar conta de personagens tão complexos – o que também é uma diferença das adaptações anteriores, que simplificaram muito o caráter dos animais e dos humanos envolvidos na história – Serkis cercou-se de talentos inquestionáveis. Para os bichos na selva, temos atuações de Christian Bale, Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch. A captura de seus rostos e a expressão corporal transpostas aos animais são nada menos que impressionantes.
O roteiro, a cargo de Callie Kloves, também pode ser considerado um ponto alto da produção. O filme Netflix Mogli – Entre Dois Mundos dá profundidade aos personagens, traçando todos não como bons ou maus, mas sim indivíduos complexos que possuem suas motivações para fazer o que fazem. Por isso, quando agem de uma maneira ou de outra, entendemos o motivo de tomarem tal atitude.
Para personagens que nos acostumamos a assistir de forma unidimensional, é um salto e tanto. A história original, no livro, é bastante sombria, e o filme aposta nisso para se diferenciar das adaptações infantis. E deu muito certo.
Infelizmente, nem tudo são flores em Mogli – Entre Dois Mundos. Apesar da direção de Serkis em seu primeiro trabalho atrás das câmeras ser excelente e digna de nota, há problemas com os efeitos visuais criados para os cenários: muitas vezes, a selva computadorizada parece ter sido feita para algum filme nos anos 90, o que acaba não combinando com a qualidade dos efeitos para a captura de movimento dos atores.
Ainda bem que não são pontos suficientes para fazer com que Mogli – Entre Dois Mundos não mereça ser visto. O trabalho de Serkis em live-action também é muito bom, pois mostra que ele entende muito de direção de atores. O garoto Rohan Chand, que interpreta o personagem principal, é talentoso e faz aqui um trabalho muito competente. Em resumo: se você conseguir superar esses pequenos “defeitos”, Mogli – Entre Dois Mundos é um dos melhores filmes lançados na Netflix neste ano.
Esta é a versão sem spoilers da resenha. Caso já tenha assistido e queira ver a análise e músicas do filme, leia o artigo Mogli Entre Dois Mundos Netflix é o live-action Mais Denso do título. Aqui Lyan K. Levian falou um pouco mais sobre a densidade de Mogli e seus personagens.
Seguindo uma linha semelhante de fantasia e aventura, recomendamos também Spirit – Cavalgando Livre, O Príncipe Dragão, Next Gen, Big Fish & Begonia, Caninos Brancos, Tarzan a Evolução da Lenda e Balto. Apesar de serem voltados para o público infantil, são histórias que podem te emocionar.
O interessante é que, mesmo depois de mais de um século, a história do Menino Lobo continua encantando novas e antigas gerações. Esta é a prova de que, em todos os lugares e épocas, as histórias mexem com nossos corações.
Recomendamos fortemente que leia o livro original. Essa edição traz o texto integral dos dois volumes de Os livros da selva, mais de 240 notas, 28 ilustrações originais de J.L. Kipling, pai do escritor, e W.H. Drake, além de apresentação e cronologia de vida e obra do autor. Inclui também, como apêndice, “Dentro da rukh”, a primeira história de Mowgli. A edição impressa apresenta capa dura e acabamento de luxo.
Link para ver o livro na Amazon.
Além disso, gostaríamos de recomendar alguns livros excelentes, todos clássicos que também vão lhe transportar para um outro mundo:
Sinopse 1: Dividido entre dois mundos, ele está em uma busca para descobrir quem realmente é – e o herói que está para se tornar.
Sinopse 2: Criado por animais no coração da selva, um garoto órfão confronta poderosos inimigos e suas próprias origens na jornada para descobrir o seu lugar no mundo.
Duração: 1h 44min;
Classificação etária: 12 anos;
Ano de lançamento: 2018;