A melhor forma de definir O Mundo é Seu é como uma comédia irônica. Temos vários exemplos por aí, o mais recente deles é “Dois Caras Legais”, lançado em 2016 com Russell Crowe e Ryan Gosling no elenco.
Há diferenças entre aquele lançamento e este, que chega agora pela Netflix: enquanto no outro filme havia uma trama de mistério, aqui se sucede uma comédia de erros, que transforma-se em uma bola de neve que vai levando a acontecimentos ainda mais catastróficos – e engraçados – que acabam dando a deixa para o cinismo e ironia dos personagens.
Essa produção francesa tem sido bastante elogiada por conta de seu senso de humor característico. As comédias francesas são mais conhecidas por seus elementos físicos, como as comédias de situação do Sr. Hulot, nos filmes de Jacques Tati, que esteve em ação entre os anos 50 e 70. Aqui, ainda há resquícios desse talento francês para o humor que usa mais o corpo do que a boca, mas – como sinal dos tempos – há também diálogos espertos que engrandecem o longa.
Indice
O filme Netflix O Mundo é Seu acompanha a jornada de Fares, um sujeito sem grandes talentos que se torna um pequeno traficante em Paris. Ele sonha com uma vida diferente, cheia de luxo e dinheiro, mas evidentemente não pode pagar por isso. Para sair dessa situação sem futuro e começar a dar um rumo na sua vida a fim de conseguir alcançar seus objetivos, ele aceita um último trabalho indo buscar drogas na Espanha. É claro que não dá certo, e ele se vê envolvido em uma complexa trama que inclui as drogas que ele deveria ter ido buscar, os Illuminati e até sua mãe, uma trambiqueira à moda antiga que tem com ele uma relação, no mínimo, estranha.
Para interpretar personagens coadjuvantes, o diretor Romain Gavras não economizou: chamou dois atores de peso como Vincent Cassell e Isabelle Adjani. Ele, com vários papéis em filmes no mundo todo – inclusive no Brasil, onde reside – é um nome muito conhecido e ator de grande talento, que aqui faz o papel de Henry, um homem que tem uma importância singular na vida do protagonista. Enquanto que Isabelle Adjani, que continua a ser considerada uma das maiores divas da cinematografia francesa, faz um papel cômico ao dar vida a Danny, a mãe golpista e dominadora de Fares. Ela tem o tempo certo de comédia, fazendo rir sem qualquer esforço.
O Mundo é Seu, portanto, é um filme que não tinha mesmo como errar: é qualidade garantida. O diretor Gavras exibe domínio da narrativa, que também é bastante ajudada pela edição acelerada e que potencializa algumas cenas absurdas (e engraçadas). Suas qualidades técnicas são visíveis, inclusive na fotografia, a cargo de André Chemetoff, que retrata tanto as localidades tanto da França quanto da Espanha com muita cor e luz.
Sendo uma comédia desbocada, com muitas situações bizarras e absurdas acontecendo ao mesmo tempo, O Mundo é Seu pode não agradar plenamente a todos os espectadores, mas certamente consegue arrancar pelo menos um riso até mesmo da pessoa mais sisuda.
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Sinopse 1: Ele quer deixar a vida de criminoso, mas antes precisa dar conta da última missão – e impedir a mãe de atrapalhar tudo.
Sinopse 2: Para deixar a vida de crimes, um traficante de Paris aceita um último trabalho na Espanha. No seu caminho, marginais desequilibrados, uma antiga paixão e a mãe golpista.
Ano de lançamento: 2018;