A segunda temporada da animação Netflix O Príncipe Dragão foi recentemente lançada, e traz novidades emocionantes para os fãs, fazendo com que queiramos uma terceira temporada urgentemente (pois é… nunca ficamos saciados: basta lançar novos episódios para queremos mais e mais!).
É isso que acontece quando a série é boa: nos prende não apenas por um detalhe ou outro, mas sim pelo todo. A série O Príncipe dragão tem ótimos personagens, um enredo forte, imagens de encher os olhos e uma trilha sonora que nos faz sonhar (assista aqui).
Indice
A trilha sonora da série foi criada por Frederik Wiedmann, um compositor alemão com diversos trabalhos em seu portfólio. Se você, assim como eu, se derrete com aquelas músicas maravilhosas de O Príncipe Dragão, recomendo que ouça as músicas pelo álbum do Spotify. Até o momento deste post já foi disponibilizado o álbum da Primeira Temporada e o álbum da Segunda Temporada.
Por isso falo que O Príncipe Dragão tem essa riqueza toda: nesta série de animação, tudo isso consegue se unir sem cair na mesmice. A cada temporada uma nova missão secundária vai surgir (já que a principal é levar o dragãozinho para a mãe), e tudo o que podemos pensar é: onde isso tudo vai nos levar? Ou melhor, onde Callum, Rayla e Ezran serão levados?
Qualquer aparição de personagens-chave nos primeiros episódios são realmente imperceptíveis (e os criadores fazem isso de propósito, para que depois de um tempo a gente volte e fale “noooossa, ele estava aqui esse tempo todo!“).
Por isso, se você voltar ao primeiro episódio (da primeira temporada), quando o narrador está contando sobre a expulsão dos humanos do reino de Xadia, verá que Aaravos está lá, junto de outros elfos:
Atenção: abaixo você encontrará alguns spoilers da segunda temporada de O Príncipe Dragão.
Aaravos é um elfo da espécie “Startouch”, pois seu arcano interior (o poder primário) é o das estrelas. Além deste tipo existem os elfos da lua (”Moonshadow”), que é a espécie de Rayla; há os “Sunfire”, cujo arcano é o sol (conhecemos eles nesta segunda temporada, na luta que ocorreu na fronteira de Xadia); também há os “Skywing”, que possuem o arcano do céu; e finalmente os “Earthblood”, cujos arcanos interiores são do elemento terra.
Voltando a falar sobre Aaravos, vimos na segunda temporada de O Príncipe Dragão que ele é capaz de manipular todos os elementos. E ao que parece, ele também usa a Magia Sombria (que é uma habilidade mal vista, pois mata seres vivos para usufruir de suas essências). Como os elfos têm uma conexão muito forte com a natureza, consideram a Magia Sombria como a pior das coisas que qualquer um possa fazer.
E como Aaravos foi parar no espelho? Bom, ele não está literalmente dentro do espelho. Mas é evidente que está numa prisão cujo espelho na posse de Viren tem conexão visual. Podemos supor que Aaravos fez algo muito ruim no passado para merecer estar ali, naquela dimensão desconhecida (que nem mesmo ele sabe dizer qual é). Agora, sobre seu crime, é bem possível supor que foi ele quem criou o uso da Magia Sombria (antes mesmo daquele humano a que a narrativa do primeiro episódio se refere). Sendo assim, é possível que Aaravos esteja sendo punido por criar e também ensinar o uso da Magia Sombria (mas por enquanto é apenas uma suposição).
Neste caso, podemos considerar que a narrativa que nos introduz logo no início da série O Príncipe Dragão (que conta que um humano “descobriu” a magia sombria) está equivocada. Outro erro que o narrador comete logo no início é a afirmativa de que o ovo do príncipe dragão havia sido destruído, e sabemos que isso não é verdade (quando falo “erro do narrador”, não estou criticando os roteiristas da série… pelo contrário, eles foram geniais, pois este equívoco era proposital: uma dica para descobrirmos o que explico no parágrafo a seguir).
Ou seja: o narrador que começou a nos contar a história, no episódio “1 – Ecos do Trovão”, não é um narrador onisciente (ou seja, não sabe de tudo, apenas sabe o que viu e viveu). E, não por acaso, o dublador que faz a voz de Aaravos é o mesmo dessa narração inicial (embora, na versão “Aaravos”, o tom seja mais sombrio e áspero). Seria coincidência observarmos que os braços que manuseiam o pergaminho da abertura é de um elfo com arcano das estrelas?
Na segunda temporada de O Príncipe Dragão também descobrimos que aquele cubo encontrado por Callum no chalé Bunther, que antes parecia apenas um brinquedo mágico, é na verdade uma relíquia bem antiga. O nome do cubo é “Chave de Aaravos”, como informado na carta do rei Harrow, e ainda não sabemos o que exatamente essa chave abre. Há teorias de que é uma chave para retirá-lo da prisão do espelho, porém não creio muito nisso (veremos nas próximas temporadas).
Ainda sobre Aaravos, é bem curioso que Viren não tenha conseguido ler uma palavra do que diziam os livros da história de Katolis. Seria aquilo um feitiço aplicado apenas ao mago Viren, ou será que ninguém mais conseguiria ler aquelas páginas se tentasse? Bom, independente disso, é possível para NÓS lermos, já que os dois textos que Viren encontrou estão em línguas conhecidas de nosso mundo: um em árabe e outro em dinamarquês.
O primeiro texto, em árabe, é um poema. Deixo abaixo a tradução livre:
Elarion, plantinha trêmula
Deitada no chão em uma noite gelada.
E no frio
Ela puxou suas raízes
Desafiando a mordida mortal do inverno.Elarion e sua flor aberta
Com medo de murchar, da escuridão e da morte,
Ela procurou na escuridão
Por uma faísca
E pegou os olhos de um dragão faminto.Elarion, a tola temerosa,
Levantou seus galhos brancos em direção à noite,
Pedindo às estrelas
Para receber sua luz
E parar o fogo do dragão furioso.Elarion, um corpo pesado,
Chorou quando as estrelas do céu se tornaram negras
Elas viraram as costas
Elas esconderam sua luz
Elas deixaram Elarion para morrer.Elarion, sua concha lutou contra a morte,
Ela murchou e sofreu na escuridão,
Até a última estrela
Acoplada ao longe:
um fogo, um presente, uma faísca.Elarion, com sua brancura pura,
Abraçou a grande chama negra da noite.
Quando ela se abaixou,
Ela declarou sua fé
Ela sussurrou: “Aaravos”, seu nome.
Elarion, a criança de olhos negros,
Espalhando suas raízes retorcidas profundamente e distante,
E com poder humano
Que pegou
De Aaravos, sua estrela da meia-noite.
De acordo com a versão em inglês (encontrada aqui), Elarion refere-se a uma mulher. Não sei se na tradução do árabe para o inglês isso foi alterado mas, de qualquer forma, é interessante ficarmos atentos ao nome “Elarion”, pois é possível que isso venha à tona eventualmente, nas próximas temporadas. De acordo com o poema, algum poder foi dado a Elarion por Aaravos.
O segundo texto (em dinamarquês) é um pequeno relato sobre Aaravos, no livro de histórias de Katolis (o país de Callum e Ezran). Veja abaixo uma tradução livre:
Finalmente ele me disse seu nome. Eu nunca tinha ouvido um nome como o dele, mas nunca tinha imaginado um elfo como ele. Ele é mais forte, mais velho e mais sábio do que qualquer outro ser mágico já foi em Xadia. No entanto, ele é amigo de todos os humanos. Enquanto os outros nos menosprezavam, nos chamando de inferiores, ele viu em nós um grande potencial. Quando aceitarmos os presentes que Aaravos nos prometeu, eles pagarão por sua presunção, pois serão forçados a nos ver como iguais. Quando formos iguais, tomaremos nosso destino em nossas próprias mãos e construiremos nosso próprio futuro. Como eu vi diante de mim, em meus sonhos.
Como você pode notar, os textos não ajudam tanto na elucidação de quem seja Aaravos, mas certamente dá uma dica forte a respeito de quem talvez tenha escrito o livro. A primeira linha, “Finalmente ele me disse seu nome” nos leva a crer que o livro está na forma de diário (ao menos este trecho), por ser em primeira pessoa. A seguir, na parte que fala sobre Aaravos acreditar no potencial humano, faz com que a teoria que apresentei acima seja embasada por algo mais sólido (sobre o arquimago élfico ter passado o conhecimento da Magia Sombria a um humano).
Aproveite e vá pensando em suas teorias para colocar nos comentários mais abaixo. Compartilhar ideias ajuda a manter a série viva enquanto não temos mais episódios! ^_^
Outro ponto positivo que me surpreendeu nesta animação maravilhosa foi a representatividade. Eu iria falar aqui sobre LGBT, por causa das mães da rainha Aania, de Duren, mas a verdade é que O Príncipe Dragão não se reteve apenas nisso. Vemos representatividade de mulheres fortes (sem sexualizá-las, o que é ótimo), representatividade de negros(as) em posições de poder, e a irmã da rainha Sarai que é surda/muda, arrasando na linguagem de sinais (infelizmente algumas das coisas que ela conversa, pequenas piadinhas dela com a irmã e com o subordinado, não têm legenda… os que não sabem linguagem de sinais – a maioria – ficam boiando).
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Sinopse Netflix: Inspirados por uma descoberta extraordinária, dois príncipes humanos e uma elfo assassina se unem numa jornada épica na busca de paz para seus reinos em guerra.
Duração dos episódios: aproximadamente 25 minutos;
Classificação etária: 10 anos;
Ano de lançamento: 2018;
Gênero: Fantasia, Aventura, Mistério;