Pelas Ruas de Paris é um filme corajoso, para dizer o mínimo. O longa, que chega agora ao público em geral pelas mãos da Netflix, foi filmado por vários anos com pouquíssimos recursos, ganhando uma movimentação na internet para financiar sua pós-produção. Este é, portanto, um filme pequeno, quase experimental, mas que consegue evocar no público uma sensação forte (assista aqui).
A história do filme Pelas Ruas de Paris fala, principalmente, sobre a juventude que encara a França como um país onde a maioria deles não se reconhece. Pelas Ruas de Paris usa todo o movimento natural da Cidade-Luz para mostrar como essas pessoas, que cresceram observando os movimentos políticos e culturais dos últimos vinte anos, sentem-se em relação ao que se convém chamar de “unidade do país”.
Indice
Como se percebe, a abordagem do filme é bem abstrata. É possível dizer que não é um filme fácil. Basicamente, acompanhamos a jornada de Anna em tentar reconectar-se com o mundo e com o país onde vive, que tem passado por várias turbulências políticas e sociais, coisas que invariavelmente acabam agitando Paris. O poder do filme Netflix Pelas Ruas de Paris é de nos fazer questionar junto com ela o motivo pelo qual estamos aqui. Os parisienses dormem e acordam sob tensão, sem entender o que será do futuro da cidade e do país. Essa incerteza é um dos pontos abordados no longa, que resume tudo na confusão e nos questionamentos feitos pela personagem principal.
Por se tratar de um filme experimental, que usa os eventos reais em Paris para incorporá-los em seu roteiro, enxergamos todas as manifestações que sacudiram a França nos últimos três anos. O massacre no Charlie Hedbo, por exemplo, e as manifestações que se seguiram a esse fato foram usadas pela produção para a captação de cenas simplesmente hipnóticas, em que misturam a história fictícia com a realidade dos fatos com muita competência e destreza. Os eventos reais parecem se incorporar à narrativa das questões pessoais de Anna com tanta organicidade que uma pessoa desavisada poderia achar que os grandes movimentos de pessoas nas passeatas ocorridas nas ruas da cidade foram encenadas com a ajuda de centenas de milhares de figurantes.
Há cenas verdadeiramente antológicas nesse filme pequeno e experimental. Pelas Ruas de Paris merece ser visto e apreciado, mas mais do que isso: merece ser entendido como uma mensagem dos produtores aos jovens de todos os lugares do mundo: se tudo em volta ruir, use os escombros para acender uma fogueira. Transforme isso em sua luz – a luz de um novo mundo. Portanto, este é um filme sobre o quão perdido podemos nos sentir neste mundo, e também sobre a esperança de renová-lo.
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Sinopse Netflix: Em meio a um romance complicado e a tensões crescentes em Paris, Anna se vê envolvida em uma espiral vertiginosa de sonhos, memórias e possibilidades.
Duração: 1h 24min;
Classificação etária: 14 anos;
Ano de lançamento: 2019;
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Vi o filme Pelas Ruas de Paris! Essa resenha da página Interprete-me foi a melhor resenha do filme que li na internet! Eu havia ficado um pouco confusa com alguns aspectos do filme, que foram explicados pela resenha! Achei muito inteligente a capacidade de percepção dos conteúdos do filme pelo resenhista! Parabéns!!!!?
O filme é um caixinha de surpresas. Só acrescento que além das questões políticas, sociais, essa dimensão de crise pessoal da personagem acaba sendo algo muito mais comum de ser sentido em outras pessoas do que pode parecer. Tendo em vista o contexto complexo politico e ideologicamente falando principalmente, em que o mundo presencia.