Os irmãos Coen estão de volta com The Ballad of Buster Scruggs que, de certa forma, é uma volta aos temas mais caros aos diretores e escritores mais famosos do cinema moderno: o equilíbrio entre a violência e a comédia, além da crítica social poderosa em enredos que parecem simples, mas que possuem enorme profundidade (assista aqui).
E claro, neste novo longa eles tiveram a oportunidade de voltar para o Velho Oeste, uma das épocas preferidas dos dois para ambientar suas tramas.
Até aqui, os filmes dos Coen sempre passaram a impressão de ser irretocáveis. Com The Ballad of Buster Scruggs, apesar de ser divertido e trazer todas as marcas do cinema autoral dos dois, algo parece estar faltando.
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The Ballad of Buster Scruggs, na verdade, deveria ser um seriado em seis partes financiado e produzido pela Netflix. No meio do caminho, os Coen resolveram condensar as seis histórias – que se passavam no mesmo ambiente – em um único trabalho, intercalando as narrativas e procurando dar coesão ao seu final, unindo as pontas. Talvez, por ter sido planejado de um jeito e executado de outro, o longa tenha tantos defeitos narrativos.
No fim das contas, temos a impressão de ter assistido a uma antologia resumida, e não a um filme. Isso prejudica o resultado final porque, no fim das contas, não conseguimos nos conectar com o drama de qualquer um deles.
E não que eles sejam falhos. Se os irmãos Coen tivessem seguido a ideia original e transformado essas histórias em uma série, seria fantástico. Haveria tempo de sobra para desenvolver a todos e dar o toque tragicômico que eles tanto veneram. Aqui, temos apenas vislumbres dos personagens sensacionais que poderiam ser. Contando com atores do calibre de Liam Neeson, James Franco e até Tom Waits no elenco, é difícil errar. E todos estão excelentes em seus papéis, cada um a seu modo. O problema, como se vê, é de estrutura, e não de falta de competência.
Mesmo com esse defeito, The Ballad of Buster Scruggs ainda é um filme que vale a pena ser assistido. Visualmente impressionante, com a fotografia e a edição fantásticos como é característico dos filmes dos Coen, o longa proporciona algumas risadas – mesmo que seja um riso nervoso, por conta de situações tão improváveis quanto violentas.
E teria muito mais se estivesse em um seriado, com um capítulo só seu, capaz de encantar a audiência. Infelizmente, os Coen tomaram uma decisão errada, e transformaram um produto destinado ao sucesso em outro, que pode cair no esquecimento facilmente, apesar de muito bem feito.
É uma pena, realmente. O filme Netflix The Ballad of Buster Scruggs não é memorável dentro da filmografia dos Coen, mas serve como um lembrete do talento e da virtuosidade da dupla.
Recomendamos também a leitura de Nada a Esconder, Perda Total, O Chefe e Great News. Ou, se gosta de histórias divertidas retratando outras épocas, indicamos fortemente a série Norseman.
Sinopse 1: Tiroteios no bar, justiceiros e muito mais. Prepare-se para seis histórias do Velho Oeste com a marca dos irmãos Coen.
Sinopse 2: O faroeste dos irmãos Coen sobre foras da lei e colonizadores na fronteira americana vai da reflexão mais profunda ao absurdo total.
Duração: 2h 13min;
Classificação etária: 16 anos;
Ano de lançamento: 2018;